“Estas atividades começaram em 1965-6 com um protesto que causou um escândalo considerável na época: testemunhei pessoalmente um Judeu ultra-religioso recusar-se a autorizar o uso do seu telefone para chamar uma ambulância para um não-Judeu que tinha sofrido um colapso naquele bairro de Jerusalém. Em vez de simplesmente publicar o incidente na imprensa, pedi uma reunião com os membros do Tribunal Rabínico de Jerusalém, que é composto de rabinos nomeados pelo Estado de Israel. Perguntei-lhes se tal comportamento era consistente com a sua interpretação da religião Judaica. Responderam que o Judeu em causa tinha atuado corretamente, na verdade, piedosamente, e apoiaram a declaração referindo-me uma passagem de um compêndio com autoridade das leis Talmúdicas, escrito neste século.”
- Pág. 15.
”O Talmude e a lei rabínica pós-talmúdica também reconhece a conversão de um não-Judeu ao Judaísmo (bem como a compra de um escravo não-Judeu por um Judeu seguido de um diferente tipo de conversão) como um método de se tornar Judeu, desde que a conversão seja realizada de uma maneira própria por rabinos autorizados. Esta 'maneira própria' implica, para mulheres, a sua inspeção por três rabinos enquanto nua num 'banho de purificação', um ritual que, embora bem conhecido pelos leitores da imprensa Hebraica, não é freqüentemente mencionado pela comunicação social Inglesa, não obstante o seu interesse indubitável para alguns leitores.”
- Pág. 19.
“Nos seus regulamentos, o FNJ [Fundo Nacional Judaico] nega direito a residir, a abrir um negócio, freqüentemente também a trabalhar, a alguém que não seja Judeu, só por não ser Judeu. Ao mesmo tempo, os Judeus não estão proibidos de estabelecer residência ou de abrir um negócio em qualquer sítio de Israel. Se aplicada noutro estado contra os Judeus, tal prática discriminatória seria instantânea e justificadamente rotulada de antissemitismo e provocaria sem dúvida protestos públicos em massa. Quando aplicada por Israel como parte da sua 'ideologia Judaica', é geralmente ignorada cuidadosamente ou, quando raramente mencionada, desculpada.”
- Pág. 19-20.
"Outras leis Israelitas apresentam expressões mais obtusas como 'Alguém que pode imigrar de acordo com a Lei do Retorno' e 'Alguém que não tenha direito a imigrar de acordo com a Lei do Retorno'. Dependendo da lei em causa, os benefícios são então concedidos à primeira categoria e negados sistematicamente à segunda. A rotina significa que o bilhete de identidade, que toda a gente é obrigada a trazer sempre consigo, é usado para forçar a aplicação diária da discriminação. Os bilhetes de identidade indicam a nacionalidade 'oficial' de uma pessoa, que pode ser 'Judaica', 'Árabe', 'Drusa' ou outra, com a exceção significativa de 'Israelita'. Falharam as tentativas de obrigar o Ministério do Interior a permitir a Israelitas que assim o desejavam ser descritos oficialmente como 'Israelitas' ou mesmo como 'Judeus Israelitas' nos seus bilhetes de identidade. Os que tentaram fazê-lo receberam uma carta do Ministério do Interior afirmando que 'foi decidido não reconhecer uma nacionalidade Israelita' [...]
Podemos ver aqui um exemplo, que pode parecer trivial em comparação com as restrições à residência, mas de qualquer maneira é muito importante porquanto revela as intenções reais do legislador Israelita. Os cidadãos Israelitas que deixam o país durante um certo período, mas que são definidos como os que 'podem imigrar de acordo com a Lei do Retorno', têm o direito no seu regresso a benefícios alfandegários generosos, a receber subsídios para a educação liceal dos seus filhos e a receber ou um subsídio ou um empréstimo a juro baixo para a compra de um apartamento, bem como outros benefícios. Os cidadãos que não podem ser definidos assim, os cidadãos não-Judeus de Israel, não recebem qualquer um desses benefícios. A intenção óbvia de tais medidas discriminatórias é a diminuição do número dos cidadãos não-Judeus de Israel, de forma a fazer de Israel um estado mais 'Judaico'."
- Pág. 21."De acordo com esta ideologia [Redenção da Terra], a terra que tinha sido 'redimida' era a terra que tinha passado de propriedade não-Judaica para Judaica. A propriedade pode ser ou privada, ou pertencer, quer ao FNJ, quer ao estado Judaico. A terra que pertence aos não-Judeus é, pelo contrário, considerada como 'não-redimida'. Assim, se um Judeu que tiver cometido o crime mais negro que se possa imaginar comprar um pedaço de terra a um não-Judeu virtuoso, a terra 'não-redimida' torna-se 'redimida' por tal transação.Todavia, se um não-Judeu virtuoso comprar terra ao pior dos Judeus, a terra anteriormente "pura" e 'redimida' torna-se 'não-redimida' de novo. A conclusão lógica de tal ideologia é a expulsão, chamada ‘transferência', de todos os não-Judeus da área da terra que tem de ser 'redimida'."
- Pág. 22.
"Estão em circulação um número de versões discrepantes das fronteiras Bíblicas da Terra de Israel, que as autoridades rabínicas interpretam como pertencendo idealmente ao estado Judaico. As de maior alcance incluem as áreas seguintes dentro dessas fronteiras: no sul, todo o Sinai e uma parte do Egito setentrional até aos arredores do Cairo; no este, toda a Jordânia e um grande bocado da Arábia Saudita, todo o Kuwait e uma parte do Iraque a sul do Eufrates; no norte, todo o Líbano e toda a Síria juntamente com uma enorme parte da Turquia (até ao lago Van); no oeste, Chipre Um dos rabinos mais influentes do Gush Emunim, Dov Lior, o rabino dos colonatos Judaicos de Kiryat-Arba e de Hebron, declarou repetidamente que o fracasso Israelita em conquistar o Líbano em 1982-5 foi um castigo divino bem merecido pelo seu pecado em 'dar uma parte da Terra de Israel', nomeadamente o Sinai, ao Egipto."
- Pág. 24-25.
"Uma descrição lúcida e autoritária dos princípios que regem tal estratégia foi feita pelo General (Reserva) Shlomo Gazit, um antigo comandante dos Serviços de Informação Militares. De acordo cora Gazit,
A tarefa principal de Israel não mudou nada [desde a derrocada da URSS] e mantém-se de importância crucial. A situação geográfica de Israel no centro do Médio Oriente Árabe-Muçulmano predestina Israel a ser um guardião da estabilidade em todos os países que o rodeiam. O seu [papel] é proteger os regimes existentes: evitar ou parar os processos de radicalização e bloquear a expansão do zelotismo fundamentalista religioso. Para este objetivo, Israel evitará que ocorram mudanças fora das fronteiras de Israel, [as quais] encarará como intoleráveis, ao ponto de se sentir obrigado a usar todo o seu poder militar a favor da sua prevenção ou erradicação."
- Pág. 26.
"História Judaica, Religião Judaica - O peso de três mil anos”
Por Prof. Israel Shahak. Prefácios de Gore Vidal e Edward Said.